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29/06/2015

Apesar da queda das vendas em maio, IAV-IDV mostra otimismo para os próximos meses idvorg • 23/06/2015



IAV-IDV (Índice Antecedente de Vendas), estudo elaborado mensalmente pelos associados doIDV (Instituto para Desenvolvimento do Varejo)



 manteve para maio uma retração nas vendas, devido, principalmente, à conjuntura econômica e seus impactos nos pilares do varejo. O índice apontou uma queda real de 3,5%, já descontada a inflação, em comparação com o mesmo mês do ano anterior. O IAV-IDV já acumula neste ano, de janeiro a maio, retração real de 0,6%.
Este cenário tem preocupado os varejistas. De acordo com a A PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua, que mede 3.500 municípios brasileiros, a taxa de desemprego no trimestre móvel de fevereiro a abril deste ano foi de 8%, índice 0,9 p.p. maior que o mesmo período do ano anterior (7,1%). Já o relatório do Caged, do Ministério do Trabalho, que monitora a geração de empregos formais no país, apontou no primeiro quadrimestre de 2015 o fechamento de 137.000 vagas de emprego. Uma queda relevante, considerando-se que no mesmo período do ano passado, as empresas abriram 458.100 novas vagas de emprego.
O rendimento médio real habitual das seis regiões metropolitanas monitoradas pelo IBGE foi de R$ 2.138,5, queda de 2,9% sobre o registrado em abril de 2014 (R$ 2.202,08). Todas as regiões metropolitanas monitoradas tiveram decrescimento do rendimento médio real na comparação com abril de 2014, Salvador (-5,5%), Belo Horizonte (-4,1%), Recife (-2,7%), Rio de Janeiro (-2,7%), São Paulo (-2,6%), e Porto Alegre (-1,9%).
Em relação às expectativas de vendas para este e os próximos dois meses, os associados apontam crescimento real de 1,5% para junho, 1,8% para julho e 1,7% para agosto, sempre em relação aos mesmos períodos do ano anterior.
Novamente o segmento de bens duráveis foi o que mais colaborou com o resultado negativo do índice. Os associados desse segmento divulgaram retração real de 7,7% em maio. Tal comportamento pode ser atribuído à baixa confiança dos consumidores, à redução da massa de rendimentos e à contração do crédito, pois segundo o Banco Central, a operação com recursos livres passou, em 12 meses, de 6,2% em abril de 2014 para 4,9% em abril de 2015. De acordo com o IAV-IDV, a expectativa deste segmento é de queda real de 0,4% em junho e crescimento real de 1,7% em julho e 2,4% em agosto.
O segmento de bens não duráveis, que responde em sua maior parte pelas vendas de super e hipermercados, foodservice e perfumaria, apresentou queda real de 1,9% em maio. Em relação a junho, a expectativa é de um crescimento nas vendas de 0,4%. O IAV-IDV também aponta retração real de 0,8% em julho e 0,5% em agosto.
Já o setor de bens semiduráveis, que inclui vestuário, calçados, livrarias e artigos esportivos, ficou acima do IAV-IDV em maio, com o fechamento de 1,7%, já descontada a inflação, e estimativa de crescimento para junho de 6,4%, julho, 7,3%; e agosto, 5,4%.
Retração no ano acumula 0,6%, mas vendas devem voltar a subir entre 1,5% e 1,8% em junho, julho e agosto
Inflação
A inflação de maio, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), apontou variação de 0,74% no mês. Levando-se em consideração os últimos 12 meses, o índice fechou em maio em 8,47%, acima dos 6,38% verificados em maio de 2014. O IPCA acumulado dos cinco primeiros meses de 5,34% já ultrapassou a meta de 4,5% estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para 2015.
“O principal fator que tem contribuído negativamente para o baixo desempenho do varejo é o Índice de Confiança do Consumidor (ICC), medido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), que apontou leve queda em maio, se compararmos com o mês anterior, chegando ao patamar de 85,1 pontos”, comenta Luiza Helena Trajano, presidente do IDV. Este é o pior patamar desde o inicio da medição do indicador, em setembro de 2005, sendo que as duas variáveis que compõem o índice apontam que o ISA (Índice da Situação Atual) caiu para 79,1 pontos e o IE (Índice de Expectativas) subiu para 88,4 pontos.
“O resultado real realizado acumulado do IAV-IDV para os primeiros cinco meses de 2015 apresentou o menor patamar nos últimos três anos em função do cenário macroeconômico desfavorável, com um sensível agravamento dos pilares do varejo: desaceleração da renda, aumento do desemprego, contração do crédito, alta inflação e o menor índice de confiança do consumidor desde que o índice é apurado”, finaliza Luiza Helena.
Sobre o IAV-IDV (Índice Antecedente de Vendas)
Criado em outubro de 2007, o IAV-IDV é um índice que consolida a evolução das vendas efetivamente realizadas pelos associados do IDV (Instituto para o Desenvolvimento do Varejo), com o intuito de projetar expectativas para os próximos meses e, assim, servir de base de informação para a tomada de decisão dos executivos do varejo.
Para se chegar aos números apresentados pelo IAV-IDV, as empresas associadas reportam seus próprios resultados e suas expectativas sobre vendas no futuro. Em seguida, estas respostas são ponderadas de acordo com o respectivo porte de cada empresa, para que se alcance indicadores como o volume de vendas e o faturamento nominal. Os dados extraídos pelo indicador têm permitido uma visualização mais ampla do comportamento do mercado para um período futuro de até três meses.